segunda-feira, abril 27, 2009

Mostra Pernambuco (segundo dia)

Por Leo Leite

Segundo dia da mostra Pernambuco e mais uma vez o Cinema da Fundação ficou lotado, algo já era esperado pelos realizadores. Como o diretor do Cine-PE Alfredo Bertini já havia prometido: uma segunda sessão foi aberta para quem ficou de fora. E algumas novidades foram reveladas, como o prêmio para o dois melhores curta-metragens: o primeiro lugar leva cinco mil reais e o segundo dois mil, patrocínio da Assembléia Legislativa. O filme Z, de Costa Gavras, que seria exibido na Fundação será exibido no teatro Guararapes no dia 1 de maio às 16h e a entrada é franca.
Depois de todas as noticias e apresentação dos realizadores dos curtas, enfim a exibição da noite deu-se inicio, isso por volta das 19h40. Pra começar foi re-exibido o filme Prenuncio, de Adriano Portella, que como dito anteriormente, foi injustiçado por terem exibido uma cópia não finalizada. O curta agradou alguns e não convenceu outros, por ter uma proposta ousada. O suspense narra a estória de um pescador atormentado por um espírito.
Logo em seguida foi a vez do documentário Memória Irreversível, que tenta contar a história do cinema pernambucano. Para isso a equipe conseguiu entrevistas com grandes nomes da área, é o caso de Osman Godoy, Isabela Cribari e Lula Cardoso Aires Filho. Mas isso não foi suficiente para a produção agradar aos presentes, além do amadorismo técnico e fotográfico, tanto na luz quanto no enquadramento, o curta era explicitamente sem uniformidade.
Na sequência foi a vez da ficção Amigos é pra essas coisas de Rafael Dantas, que muito agradou à platéia, a qual se manisfetou dando boas e sonoras gargalhadas. É um Sitcom que conta e estória de um jovem em busca uma mulher para um relacionamento sério e se mete em algumas confusões. O texto divertido, mesmo com alguns palavrões em excesso, prendeu a atenção do público.
A apresentação seguinte foi a do documentário Malunginho, o guerreiro de Catucá, o rei da jurema que contou a importância do personagem quilombola para a cultura negra e como a história do Brasil analisa sua influência. O curta chama atenção pelo bom uso das cores no desenrolar fotográfico e dos insert’s bem fundamentados.
Ainda na mesma linha foi exibido o curta Eu sou Lia, que contou a vida de uma das mais importates cirandeiras pernambucanas: Lia de Itamaracá. Mostrando toda a garra e força da artista o documentário mexeu com as emoções de quem estava assistindo gerando os aplausos mais calorosos da noite.
Posteriormente foi apresentado o curta Da fotodocecópia à água que move a vespa que mostrou a cultura de Triunfo a partir das garrafas de licor e as estórias dos seus habitantes. Durante toda a mostra o filme arrancou risos do público com uma edição marcada por boas falas dos personagens, misturado com uma fotografia colorida e pitoresca. Logo depois foi a vez do curta-metragem de Alice Gouveia, Cinco minutos, ser apresentado. O capricho fotográfico contava a vida de algumas pessoas idosas e de uma enfermeira solitária. Com o uso de poucas falas e uma câmera que viajava de acordo com pensamentos e lembranças dos personagens, o filme foi a surpresa da noite. O destaque ficou para a belíssima interpretação de Auricéa Fraga, que fez mais uma velhinha para a sua coleção*, e Jones Melo, que juntos deram um show de interpretação.
Continuando a mostra foi a vez da exibição de Travessia – um rio e algumas histórias, narrando o cotidiano de gente simples que viviam do transporte de pessoas de barco perto da ponte da Torre, para isso uma linguagem simples sem muitas experimentações. E para encerrar o evento com chave de ouro, foi a vez do hilariante Hotel do coração partido deixar marcada sua presença. Uma animação simples, estilo passagem de slides, que narrava a saga de Ronaldo e seu grande coração.
No fim das contas a Mostra teve um bom resultado, apesar dos constantes erros de projeção e alguns atrasos. Agora é só esperar o resultado e torcer para que, realmente, vença o melhor.


*Auricéa Fraga já deu vida a algumas velhinhas no cinema pernambucano, é o caso da velha branca, curta de Adelina Pontual; Lar doce, lá de Felipe Braga de Melo e a vovozinha da chapeuzinho vermelho no teatro.